segunda-feira, 12 de maio de 2014

Dar aulas a crianças

   Dar aulas a crianças apresenta desafios extraordinários. É preciso motivá-las com elogios certeiros, é preciso manter a animação alta com brincadeiras e jogos, temos que estar ligados e abertos, quase como se fossemos crianças nós próprios, mas ao mesmo tempo mantendo o papel de professor quando tem que ser. Basta um exercício ser demasiado repetitivo para o olhar delas divagar para a janela, para o cinto, para qualquer coisa. Há os mais irrequietos que vêem o kihon como uma corrida, os desenvergonhados que não têm problemas em dizer que estão fartos e que querem ir para casa, os preguiçosos ou queixosos que desistem antes de tentar.
   As crianças são reflexos de nós próprios. Tudo o que fizermos mal, elas vão imitar com uma fidelidade incrível - mas o inverso já não é exactamente verdade. Pode ser cansativo, mas sem dúvida que dar aulas a crianças é das melhores experiências que já tive. Relembro um momento especial onde estava no meio dos miúdos a explicar como se fazia a posição do gato (envolve mexer sem fazer ruído), e no instante em que avancei, todos avançaram comigo como se fossemos um só. Olhei para eles, eles olharam para mim, e enquanto dava o passo seguinte em câmara lenta, também eles caminhavam comigo, com os olhinhos muito abertos. Foi muito bom sentir aquela ligação tão forte e, ao mesmo tempo, tão fácil e natural.



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