domingo, 22 de novembro de 2015

Respiração

   É algo que fazemos constantemente mas, tal como comer, deve ser feito na medida certa. Respirar é uma das vias de entrada de energia no corpo e expulsão de dióxido de carbono. Quando as concentrações de dióxido de carbono aumentam, o sangue acidifica (pH < 7) e isto faz-nos querer respirar. É, portanto, o aumento de dióxido de carbono e não a falta de oxigénio que geram o impulso da respiração. Normalmente, este controlo é feito por uma parte primitiva do nosso cérebro (o tronco cerebral), mas nem sempre devemos confiar nele para tomar decisões porque ele não consegue prever quanto oxigénio vamos precisar antes de ser tarde demais.
   Quantas vezes estávamos a treinar e pura e simplesmente esquecemo-nos de respirar? Quantas vezes chegámos ao fim de uma série de pontapés completamente sem ar? Isto acontece porque só depois do pH no sangue baixar é que sentimos a necessidade de respirar. Claro que a solução é simples, tomar consciência do esforço e respirar de forma controlada antes, durante e depois. Mas, da mesma forma que respirar pouco dá-nos dores de cabeça e, numa fase extrema, afecta-nos a visão e faz-nos ver sombras em vez dos nossos companheiros, respirar demais põe a cabeça leve, dá formigueiros nas extremidades e é igualmente desaconselhado.

Uma das técnicas de respiração no Yoga.
   

sábado, 14 de novembro de 2015

Posicionamento estratégico

   Uma vez ouvi dizer que o sítio mais seguro para uma zebra é junto de um leão que acabou de se alimentar. Isto é estranho, mas se pensarmos bem, tem uma forte ligação com o que se passa no Karate. Colocar-nos à frente do oponente é perigoso, estamos a incitar um ataque e teremos que responder quando ele sair. Se o ataque vier, avançamos para o defender, mas se fizermos apenas isso, e pararmos à frente do oponente, não só não terminámos o conflito, como agora o mais certo é sair um segundo ataque com a outra mão, um pontapé ou até mesmo uma joelhada. É por isto que o lugar mais seguro não é o que se encontra longe do oponente mas sim o que está em cima dele, atento a ele, preparado para responder a qualquer ataque que, caso venha, não terá tempo de ganhar velocidade porque todas as linhas rectas que ele poderia percorrer estão bloqueadas pelo seu próprio corpo. Sem linhas rectas, os ataques têm de sair curvos, e isso retira-lhes eficácia.

Ainda que provavelmente seja montagem, continua a ser uma boa imagem.
   Esta ideia de fechar o vazio que existe entre nós é essencial durante o kumite porque, como já foi aqui dito, qualquer vazio poderá ser rapidamente preenchido por um ataque. E a melhor forma de anular um ataque é encontrá-lo na origem.

quinta-feira, 12 de novembro de 2015

União


   Tudo o que sobe, converge. Ou assim dizem os mestres. É por isso que não é tão importante o estilo da arte marcial praticada como são os valores do mestre que nos guia nesse caminho. Amor, Sabedoria, Serviço... Por mais diferente que seja o exterior, procuremos a união interior. Mas não nos percamos na ilusão de que devemos apenas subir, pois o que sobe também deve descer, ou ficará desequilibrado. É por isso que é tão saudável curvar-nos para limpar o chão do dojo, todos juntos, por um ideal comum. Basta isso, um acto conjunto, para dissipar os pequenos conflitos do dia-a-dia. E se vires os teus companheiros a limpar, junta-te a eles e limpa também. Limpa o chão e limpa-te a ti próprio, porque quem não transpira, conspira.

Crianças japonesas do primeiro ano escolar a limpar a sala de aula.