terça-feira, 28 de abril de 2015

Treinar o limite

   Quanto mais tempo estivermos a treinar no nosso limite, mais evoluímos. Deslizar mais longe, lançar tsukis mais fundo, manter uma postura mais direita, baixar mais o hara. Há benefícios duradouros em estarmos constantemente no limite. Humildade, força de vontade, entreajuda. Devemos combater sempre os limites pois eles nunca param de nos reprimir.


   Os limites divergem de pessoa para pessoa por isso não devemos comparar-nos uns com os outros. Alguém com muita flexibilidade poderá estar a fazer um trabalho fraco ao lançar pontapés que toquem o tecto se o seu verdadeiro limite for muito além disso. Pelo contrário, alguém com verdadeiras dificuldades físicas poderá estar a fazer um excelente trabalho se estiver constantemente a treinar no seu limite, independentemente da altura dos seus pontapés. O segundo é um bom exemplo, o primeiro é só um bom espectáculo.

   O caminho do Karate passa por estarmos constantemente no nosso limite, a empurrá-lo sempre mais além, e quanto mais avançarmos, mais difícil será. É por isso que, passados muitos anos, devemos ter ainda mais vontade de progredir comparado com a que tínhamos quando usávamos cinto branco.
   

quinta-feira, 23 de abril de 2015

O vazio

   No kumite é essencial manter a ligação com o parceiro pois todo o vazio que criarmos será rapidamente preenchido pelo seu ataque. Este vazio pode ser tanto físico como mental. Quando é físico, manifesta-se numa abertura na nossa defesa, numa mão descaída, num ponto vital exposto. Quando é mental, sentiremos uma quebra de atenção, um respirar inseguro, o próprio medo de avançar.


   Para evitar que o ataque se manifeste, temos que impedir que este vazio se forme, ou seja, temos que mostrar ao oponente que estamos com ele de corpo e alma e que qualquer tentativa de ataque será imediatamente recebida por uma defesa tão pura que anulará o desequilíbrio que ele criou.

domingo, 19 de abril de 2015

Reencontro

   Já foi aqui dito que o caminho do Karate deve ser uma subida gradual e contínua mas, a verdade é que, por circunstâncias diversas, muitos são aqueles que se afastam. Falta de tempo, saúde, dinheiro, vontade, todos são motivos válidos. E se há muitos que se afastam, muitos haverá que encontram o caminho de volta ao dojo. Podem passar vinte, trinta, quarenta anos... não interessa. A necessidade que os fez procurar inicialmente o Karate agita-se novamente e fá-los regressar. E ver um companheiro regressar é das melhores sensações do mundo. Poder recebê-lo de braços abertos e mostrar-lhe como as coisas mudaram, apresentar-lhe os novos discípulos e, melhor ainda, ver que também ele continuou a evoluir fora do dojo e que está melhor do que quando partiu.


quinta-feira, 16 de abril de 2015

As Mãos da Mente

   A mente e as mãos são feitas da mesma matéria. Ambas são fortes, criadoras, rápidas a adaptar-se ao mundo que as rodeia. Quando a mente comanda as mãos e juntas trabalham em harmonia, tudo está bem. Mas é com o desequilíbrio que nos devemos preocupar.
  
   Se a mente for dominante, acabamos por não agir. Paralisamos sobre o peso dos nossos próprios pensamentos, enredados numa teia sem fim. Queremos tomar a decisão certa, a perfeita, aquela que não existe, logo, não agimos.


   Pelo contrário, se as mãos dominarem sobre a mente, a acção torna-se desmedida, perigosa para nós e para os outros. Em combate, podemos até ferir o nosso parceiro se não existir uma perfeita união entre as mãos e a mente.

terça-feira, 14 de abril de 2015

Evolução no Karate

   Tudo está em constante mudança. As montanhas não estão onde começaram e até os desertos já foram outrora oceanos. Se nem as estrelas fogem a esta regra, como é que as técnicas no Karate podiam ser diferentes? Elas nascem, crescem e transformam-se com quem as pratica. Se tivermos o coração puro, elas evoluem em direcção ao seu ideal, mas deixemos essas alterações para os Mestres.

   As técnicas mudam continuamente, logo é natural que um dia sejamos confrontados com uma técnica que, apesar de ter o mesmo nome, é executada de forma diferente de aquela a que estamos habituados. Neste caso o melhor será sujeitá-la a uma avaliação profunda e imparcial para descobrir se é de facto melhor do que a que conhecemos, se cumpre os princípios, se gera a paz.

   "Existem muitos caminhos, e todos vão dar ao topo."

Praticantes de Karate a treinar num telhado no Japão,1934
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