Desde cedo que somos encorajados a deslizar em vez de caminhar. Em termos de eficácia, isto faz todo o sentido. O alcance de um soco está limitado ao comprimento da nossa passada se não conseguirmos deslizar. E como treinamos sempre descalços, deslizar pode transformar-se numa verdadeira luta contra nós próprios.
No início julgava que deslizar dependia apenas de condições externas. Humidade no ar, há quanto tempo enceraram o chão, se tinha esfregado bem os pés no banho, em que ângulo é que a ponta do pé tocava no chão, e com que força tocava, se tínhamos limpo bem o dojo antes do treino, esse tipo de coisas... e o curioso foi descobrir que a minha facilidade em deslizar era inversamente proporcional à atenção que eu lhe dava. Ou seja, quanto mais me preocupava em deslizar, menos conseguia deslizar. Cheguei a partilhar esta dificuldade com mestres e alunos, todos grandes deslizadores, e eles diziam-me sempre que era tudo uma questão mental. Que eu não deslizava porque antes de tentar já acreditava que não ia deslizar. E claro que a minha cabecinha formatada para a ciência não gostou de ouvir isto, por isso continuei mais uns tempos com as minhas experiências, até que me esqueci dos pés, e comecei lentamente a deslizar sozinho. Ainda tenho grandes dificuldades na arte secreta do deslizar mas vou deixar aqui o pouco que aprendi:
No início julgava que deslizar dependia apenas de condições externas. Humidade no ar, há quanto tempo enceraram o chão, se tinha esfregado bem os pés no banho, em que ângulo é que a ponta do pé tocava no chão, e com que força tocava, se tínhamos limpo bem o dojo antes do treino, esse tipo de coisas... e o curioso foi descobrir que a minha facilidade em deslizar era inversamente proporcional à atenção que eu lhe dava. Ou seja, quanto mais me preocupava em deslizar, menos conseguia deslizar. Cheguei a partilhar esta dificuldade com mestres e alunos, todos grandes deslizadores, e eles diziam-me sempre que era tudo uma questão mental. Que eu não deslizava porque antes de tentar já acreditava que não ia deslizar. E claro que a minha cabecinha formatada para a ciência não gostou de ouvir isto, por isso continuei mais uns tempos com as minhas experiências, até que me esqueci dos pés, e comecei lentamente a deslizar sozinho. Ainda tenho grandes dificuldades na arte secreta do deslizar mas vou deixar aqui o pouco que aprendi:
Como em tudo na vida, deslizar é tanto uma questão física como mental.
Mental: Se estivermos num mau dia, com os ombros tensos, preocupados com o que ainda não fizemos, a martirizar-nos por tudo o que está a sair menos bem, então podem crer que não vamos conseguir deslizar, e por mais que olhemos para os pés, só vai piorar. Mas, pelo contrário, se o objectivo não for deslizar, mas sim chegar mais longe, de cabeça erguida, com leveza e naturalidade, lançar o tsuki como uma flecha etérea que atravessa a parede, então o mais provável é começarmos a deslizar sem darmos por isso. (Imaginar que o chão é um tapete de gelo também parece ajudar.)
Física: Depositar bruscamente todo o peso no pé da frente (especialmente no calcanhar) fará com que o atrito aumente e o pé agarre, impedindo o deslize, mas se colocarem levemente o pé à frente, acompanhando suavemente o chão à medida que avançam e mantém o peso na perna de trás, então o mais provável é conseguirem deslizar. Depois é irem passando o peso do pé de trás para o da frente até conseguirem deslizar com o peso todo no pé da frente.
Claro que lá mais para a frente, isto da física perde quase toda a importância. Para perceber isso basta ver os mestres a deslizarem que nem uns patinadores olímpicos nos pavimentos coloridos e borrachosos dos ginásios. Sim, aqueles criados especialmente para agarrar tudo e mais alguma coisa, nomeadamente pés descalços.
Claro que lá mais para a frente, isto da física perde quase toda a importância. Para perceber isso basta ver os mestres a deslizarem que nem uns patinadores olímpicos nos pavimentos coloridos e borrachosos dos ginásios. Sim, aqueles criados especialmente para agarrar tudo e mais alguma coisa, nomeadamente pés descalços.
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