terça-feira, 27 de janeiro de 2015

Samurai


   Quando pensamos num Samurai, é normal imaginarmos um guerreiro poderoso com uma série de espadas capazes de cortar com precisão tudo no seu caminho. Embora isto não seja inteiramente falso, não é o que define um verdadeiro Samurai. Olhando para a raiz da palavra (侍士), veremos que Samurai quer dizer apenas "aquele que serve."


   Da mesma forma que um Samurai tem a técnica e a precisão necessárias para desembainhar uma katana e separar apenas um cabelo da cabeça do seu oponente, também tem a delicadeza e sensibilidade necessárias para fazer, por exemplo, Ikebana (生け花), ou arranjos florais.


   Se é preciso consertar as tábuas do dojo, o Samurai é o primeiro a fazê-lo humildemente, sem esperar recompensa e, de preferência, sem ninguém reparar (fazê-lo à frente de todos seria presunçoso). É este estado de alerta constante, tanto para limpar o chão como para derrotar mil inimigos, que define um verdadeiro Samurai.

terça-feira, 20 de janeiro de 2015

Sorrir

   Há algo próprio do ser humano que, infelizmente, tendemos a perder com a idade. A capacidade de rir e brincar é própria das crianças, e é através dessa curiosidade e experimentação constante que crescem e aprendem tão depressa. Para elas tudo é novo e fascinante. Pelo menos até começarem a achar que já sabem que chegue, ou que não gostam, ou não querem saber. Porque será que a partir dessa idade vamos cristalizando até acharmos que já sabemos tudo o que alguma vez saberemos?

Shigeru Egami - Discíplo direto de Gishin Funakoshi
Morihei Ueshiba - Fundador e O-sensei de Aikido

















   
   A capacidade de encarar todas as acções não como sucessos ou fracassos mas como brincadeiras, ou seja, experiências necessárias para o nosso desenvolvimento é essencial para nos mantermos jovens e saudáveis.


quinta-feira, 15 de janeiro de 2015

Dissipar o ataque

O defensor é a cunha flexível que avança
 e dissipa o ataque do oponente.
   Em kumite, existem duas forças que se encontram. Elas podem chocar violentamente ou podem atravessar-se com pouca ou nenhuma resistência. Se uma delas assume a vertente Yang e decide "atacar", então a outra pode assumir a vertente Yin e decidir "defender." Para defender, ou seja, para travar o ataque antes de ele se manifestar, o ideal será adoptarmos a forma mental de uma cunha e irmos ao encontro do ataque, ali mesmo no centro do oponente, e obrigá-lo a dissipar toda a sua energia para longe de nós, deixando o seu corpo confuso e esquecido para trás.

terça-feira, 13 de janeiro de 2015

Mushin

   Sempre que ocupamos a mente inferior com planeamentos e execuções, estamos a limitar-nos a fazer apenas isso - planeamentos e execuções - mas e se entretanto surgir algo inesperado? Algo para o qual não estávamos preparados? É por isto que o melhor é esforçar-nos por manter um estado mental aberto e desocupado por pensamentos e emoções. Se surge uma acção no oponente, mental ou manifestada, temos que nos adaptar simultaneamente para lhe dar resposta. E para isto ser possível, o estado de mushin no shin (a mente sem a mente) é fundamental.

Rochas em equilíbrio - www.gravityglue.com
   Para atingir e permanecer neste estado não podemos prender os pensamentos ou as emoções. Tudo tem de fluir naturalmente, como o vento, como a água. Encaremos os pensamentos e as emoções como nuvens que passam no céu. Podemos contemplá-las à distância mas não devemos prender-nos  a elas.

   Ao princípio, largar sensações parece difícil, aquela dor no pé durante o seiza ou aquela dor no joelho durante a espargata, mas eventualmente aprendemos a não lhes dar demasiada importância. Bem mais difícil parece ser distanciar-nos dos nossos sentimentos quando são eles que regem grande parte das nossas acções. Para isto, julgo que a única solução é compreender a sua fonte:

   Temos instinto;

   Temos mente inferior;

   Temos mente superior.

   E só as últimas podem vencer as primeiras.