segunda-feira, 9 de junho de 2014

Propagar uma ideia

   O dicionário define propaganda como o conjunto de actos que têm por fim propagar uma ideia, opinião ou doutrina. E é justamente isso que tentámos fazer nos últimos dias.

   Era dia de feira em Almada e estávamos na nossa banca a vê-los passar. Muitos continuavam sempre, de olhos no chão. Outros olhavam e comentavam, envergonhados. Poucos eram aqueles que paravam e ficavam a olhar. Raríssimos ainda os que vinham mesmo ter connosco. E são estes dois grupos que mais me interessam. Para alguém parar o que está a fazer nos dias que correm é preciso muito. Se alguém pára em frente à nossa banca é porque há algo na sua alma que vibra com o que está a ver, como se estivesse a sussurrar-lhe ao ouvido que aquilo ali, talvez, fosse boa ideia ver mais de perto. Mas existe também o medo, a vergonha, imensas outras forças convencendo-a que é só impressão, que não existe nada de especial, que é melhor continuar a caminhar com os olhos postos no chão. É a essas pessoas que eu lançava o meu olhar como uma corda em laço e levantava-me imediatamente antes que se fossem embora. Armado com panfletos, começava com a mesma conversa ensaiada, mas sempre atento à reacção que estava a causar do outro lado. Tal como no kumite onde é essencial criar-se uma forte união, também ali era obrigatório largar ou agarrar com mais força consoante a pessoa. Felizmente que aquilo que estava a vender era um produto no qual acredito e que conta já com imensos bons exemplos testados ao longo dos anos.

  "Ah, eu não tenho idade para isso." Então fique sabendo que temos um praticante com mais de oitenta anos e que há pouco entrou alguém com cinquenta.
  "Ah, eu não gosto disso da violência." Calha bem porque nós também não. O Shotokai é contra a competição.
  "A minha filha já andou mas agora prefere natação." Pois, e a senhora não quer vir experimentar? E os seus pais? E os seus netos? Não se esqueçam que oferecemos um mês de aulas grátis.
   - Para todo o ataque, um contra-ataque. -

   No final conhecemos imensas pessoas que, quem sabe, poderão visitar-nos um dia destes e transformarem-se elas próprias nos propagadores de amanhã.


     

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