terça-feira, 9 de setembro de 2014

Tocar o limite

   Já escrevi sobre os limites no passado mas nunca tinha chegado tão perto deles como no treino de hoje. Por cada exercício que estava habituado a fazer, tive que fazer três ou quatro vezes mais, durante mais tempo, e indo mais longe em cada um deles.
 
   E isso trás consequências muito interessantes.
   
   Primeiro vem o cansaço e as dúvidas - será que vou conseguir continuar? - Depois vem a dor e a rigidez - tens que parar se não vais-te lesionar. - E era aqui que eu normalmente ficava. Nesta zona de manutenção controlada de dor. Mas afinal há pelo menos mais dois estágios.
   
   Se o exercício for de contracção muscular contínua como, por exemplo, quando mantemos o zenkutsu-dachi durante muito tempo, a dor transforma-se em calor, e o calor transforma-se numa sensação quase indescritível: é ao mesmo tempo fria, luminosa e maciça. E depois disso não sei o que vem...

   Mas hoje o exercício era outro. Hoje tínhamos que nos mover sempre, e a seguir à dor e à contracção vem um estado novo e agradável de relaxamento e naturalidade. O corpo simplesmente já não tem mais força para se manter contraído por isso ondula e desliza como água. As costas parecem uma mola que suporta os braços e os braços voam separados do corpo. Não existe cabeça nem ombros, e as pernas estão apenas lá, movendo-se sozinhas e falhando mais vezes de que eu gostava de admitir.

   E o que virá depois? Ainda não sei, mas pareceu-me ter visto algo luzir no horizonte. Talvez da próxima vez consiga aventurar-me um pouco mais longe.


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