sexta-feira, 18 de dezembro de 2015

Sintonizar o ideal

   O mestre exemplifica um pontapé e pede-nos para repetir. Nós repetimos, e ele diz:

"Não, não, mais baixo, assim expões-te muito."
 
   Tentamos outra vez.

"Não, assim não consegues avançar."

   E outra vez.

"Não, agora está novamente demasiado baixo, mas já está a ficar melhor."

   E outra vez.

"Pronto, estamos a chegar lá, mas agora é preciso lançar mais."

   Isto é o exemplo de uma conversa para ensinar a lançar um yoko-geri. O pontapé em si, aquele que tentamos alcançar, é um arquétipo, algo inatingível que toca a perfeição, e como temos ideia do que queremos, mas não sabemos ainda como lá chegar, vamos sintonizando o corpo para captar esse ideal, tentativa a tentativa, aproximando-nos cada vez mais, até que subitamente a música começa a fazer sentido e sabemos que estamos no bom caminho.

Sempre à procura do ideal.
  
 

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