O treino está a ser duríssimo, o calor insuportável, já ninguém fala, e o mestre diz que vamos repetir tudo outra vez. Ao ouvir isto temos duas opções. Ou continuamos ou quebramos. Não há meio termo.
Se continuarmos é porque descobrimos algo em nós que desconhecíamos, uma coragem nova, uma força esquecida. As pernas podem falhar, podemos até cair de joelhos, mas se pendermos para a frente com sofrimento no olhar, então aí é que estamos realmente em apuros porque o que se seguirá será ainda pior. Voltar a erguer-nos depois de termos quebrado é terrivelmente difícil. Certamente muito mais difícil que aguentar o treino sem desistir. E pode até ser perigoso. Sem querer saltar para o extremo em que defendemos alguém e a nossa desistência será fatal para essa pessoa, imaginemos o seguinte cenário: Estamos a fazer espargata sem levarmos as mãos ao chão. Está a doer, claro, mas conseguimos aguentar, descemos mais um pouco, o joelho, é sempre aquele maldito joelho, mais um pouco, só apetece parar, mas o chão já se aproxima, quase que lhe conseguimos tocar, só mais um pouco, a concentração vacila, os joelhos gritam, dobramos e atiramos as mãos ao chão. Quebrámos a concentração e, a custa disso, os ligamentos do joelho.
O corpo pode queixar-se, tem esse direito, mas cabe à mente ouvir as birras e mesmo assim mostrar-lhe que é possível ir mais longe, muito mais longe.
Monge a dobrar um par de lanças encostadas à garganta. |
Sem comentários:
Enviar um comentário