quinta-feira, 10 de julho de 2014

Exames e desafios

   Os exames de passagem de cinto são como importantes rituais de transição. Em vez de os vermos como uma oportunidade para ficarmos nervosos em frente a um júri, devíamos encará-los como períodos de introspecção profunda: o que já alcançámos e o que ainda nos está a escapar.

   Os exames são alturas de crescimento que costumam vir  acompanhados de desafios, idealmente aqueles que o discípulo está a enfrentar naquela etapa do caminho. Se não consegue deslizar, então terá que lançar o tsuki muito mais longe; se tem dificuldade em controlar-se, então chumba se tocar no adversário durante o kumite; se precisa de reforçar a ligação com o céu, então terá que erguer o queixo e enfrentar adversários em todas as direcções.
 
   Mas há muitas formas de avaliar o progresso de alguém. Por exemplo, basta a pessoa caminhar até ao centro da sala e fazer saudação que já temos uma boa ideia do que se seguirá. Caminhar cabisbaixo, com os pés mal assentes, fazer saudação todo curvado, ajeitar o kimono e esquecer-se do nome da kata... pronto, obrigado, pode ir sentar-se.

   Se estamos demasiado preocupados com o deslizar, o chegar mais longe, o dobrar mais o joelho, então provavelmente não estamos preparados para ir a exame porque o que realmente conta é muito mais difícil, e é totalmente mental. Enfrentarmos o medo quando estamos sozinhos; confiarmos em nós próprios quando somos postos à prova. Contra isso basta-nos erguer o queixo e avançar corajosamente.
    Isso sim é um bom exame.


   
   

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